OS DADOS E NÚMEROS NÃO MENTEM. TÁ ESPERANDO O QUE?

Estudo da Kantar Ibope revela que 74% dos internautas fazem compras on-line, 61% utilizam home banking, 50% aderiram aos serviços de entrega e 46% se guiam pelos serviços de geolocalização. O que temos mais? Só observando, pesquisando e analisando cenários é que podemos desenhar e construir as tendências do FUTURO. Tenho estudado muito sobre INOVAÇÃO, tanto radical como incremental, e percebo o quanto esse “rascunho” do que está por vir, dá vida para negócios, produtos e serviços, que muitas vezes não existem, mas estarão nos desejos inimagináveis dos consumidores e, ainda, serão ofertados nas mais diversas plataformas. Imagino que um filme já passou pela sua cabeça, com cenas do passado, presente e próximos capítulos. Um dos maiores ativos dos TALENTOS do futuro é a informação e o CONHECIMENTO e, nesse sentido, a ADVB PR tem sido guardiã e promotora do debate e discussão dos grandes temas, ao melhor estilo da recomendação do futurista Alvin Toffler, que é do “aprender, desaprender e REAPRENDER”. Este conceito de olhar disruptivo do mundo dos negócios, é a motriz do nosso marketing, ao longo dos tempos, mas que hoje em dia não se resume em encantar e surpreender o cliente, mas ANTECIPAR os seus SONHOS. Proporcional o inimaginável, para dizer pouco, na era de senhores como Musk, Bezzos, entre outros visionários. Sim, quem você colocaria mais nesta galeria? No Estrela ADVB ouvi atento a Melissa Vogel, Ceo da Kantar Ibope Media, num misto de atenção e exercício mental a respeito do que nos espera. Compartilho algumas das minhas anotações. “As TENDÊNCIAS de hoje deixam as bases para os comportamentos de amanhã”, já foi alertando, para desmistificar o que chamamos de “exercício de futurologia” que, na verdade, impera quando não temos a boa e velha base de fatos e dados. Vem comigo, pensando, nesta nuvem de números coletados pela Kantar: LONGEVIDADE – 30% da população terá mais de 60 anos em 2030; DIGITALIZAÇÃO – Em 2.000 apenas 1% das pessoas compravam on-line; COMPRAS – Em 2021, 42% informaram que usam o e-commerce; COMPORTAMENTO – 41% dizem que compras on.line facilitam a vida; CREDIBILIDADE – 46% acreditam na segurança do sistema; Somente esta fotografia já permite ao EMPREENDEDOR atento às ações de melhoria e antecipação e criação de novos negócios, concorda? Aliás, o nascer e morrer de uma empresa podem estar representados neste universo e, então, pergunto? Como estão as coisas aí na sua firma? Chame o time e coloque os números na mesa, para um “brainstorm” de SOLUÇÕES, sem vetos, como preconiza o bom exercício de CRIATIVIDADE. Uma NOVA SOCIEDADE está se formando e aqui não propomos a profundidade de um grande estudo, mas sinalizações, por exemplo, considerando apenas a longevidade e o seu mercado, com novos produtos, serviços, tais como alimentação, vestuário, hospitalidade, medicamentos, hotelaria, viagens, mobilidade, entre outros. Ainda em cima do primeiro item citado: daqui a 8 anos 30% da população será de 60+. Olha só: num mercado que discrimina, por exemplo, os ainda jovens 40+ do mercado de trabalho, vamos ter que nos dobrar ao poder de consumo de uma geração ativa e muito viva e com dinheiro no bolso. É o poder das vovós e vovôs sarados e gatas (os). A capacidade de radiografar as novas realidades é um grande diferencial, mas acima de tudo, numa era de saturação de dados e estatísticas, saber o que fazer e agir frente às mudanças é o verdadeiro ouro. “Como é que eu nunca pensei nisso antes?” – vira e mexe nos pegamos com esta pergunta, que encontro seu complemento na antiga frase popular: “quem chega primeiro bebe água limpa” ou, ainda, naquele: “Deus ajuda, quem cedo madruga”. O que faremos com a informação que temos em nossas mãos? Transformar em conhecimento é premente e mandatório para quem quiser se manter neste verdadeiro mercado/mundo VUCA (ou BANI) – Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível. Aliás, a rapidez é tão grande que nem mesmo os termos sobrevivem por muito tempo, como mostra o jovem VUCA, engolido pelo mundo BANI, por conta do tsunami da pandemia. O que mais temos no bloco de anotações. “Não adianta convidar todo mundo para festa. Tem que chamar para dançar”, cita a executiva pesquisadora Estrela ADVB, que aconselha uma resignificação geral para o que temos hoje, com mais aceitação, qualidade de vida, inclusão, diversidade e, por si, desejo e necessidade de consumir. “A casa tradicional mudou”, alerta e é certo, pois temos domicílios de uma pessoa, casais maduros, pessoas do mesmo sexo, famílias com menos filhos e por aí vai. “São múltiplos consumidores e precisamos compreender essa riqueza e diversidade, para conduzir nossas empresas”, destaca Melissa. Eu aqui, revivendo a apresentação, fiquei com a impressão marcante, resumida em uma palavra: OPORTUNIDADE que, para funcionar, precisa encontrar pessoas preparadas, como faço questão de frisar em minhas palestras, consultorias e mentorias. Ou, como teria dito Thomas Edison, a respeito das suas ideias geniais: tudo é 1% de inspiração e 99% de transpiração. A hora é de estudar, aprender e fazer. Transformar é a ordem, em tempos onde HUMILDADE, CORAGEM e AGILIDADE vão impor o ritmo. Bora e vamos então! O mundo mudou: saímos em 2012 de 16% da população acreditando em tecnologia, por exemplo, para 85% em 2021. As marcas mais valiosas e famosas pertenciam à economia tradicional (em 2006 – Coca, Microsoft, GE e Marlboro) e hoje (em 2021 – Amazon, Apple, Google, Microsoft, Tencent), todas com base tecnológica e do mundo digital. Ou seja, repito, o mundo mudou! Vamos esperar o que para mudar? * JOSÉ NASCIMENTO – é um APRENDIZ e, ainda, professor, consultor, mentor e jornalista. Autor do livro “MUNDO 6.0, é pra lá que eu vou”. É conselheiro do NFT ADVB. www.topdegestao.com.br
Impactos do ESG nos novos negócios

Thiago Lima Breus (Mestre e Doutor em Direito do Estado, é Professor Adjunto da UFPR e advogado, sócio de Vernalha Pereira Advogados e coordenador do Grupo de Pesquisa GPS – Gestão Pública Sustentável) A partir da pandemia do COVID-19, uma sigla passou a ter grande destaque nas agendas governamentais e empresariais. É o ESG, sigla que, em português, representa uma aderência obrigatória entre não apenas às boas, mas às melhores práticas relacionadas aos critérios de caráter ambiental (E), social (S) e de governança corporativa (G). A alusão à sustentabilidade e o apoio aos seus compromissos não constitui uma novidade propriamente dita. Há anos, muitas companhias subscrevem os critérios do triple botton line, da agenda 2030, e da observância dos ODS da ONU. Além disso, que a adoção de práticas de impacto ambiental e social leva a vantagens competitivas parece estar se tornando consenso no mercado. No entanto, enquanto avançam mecanismos de análise de sustentabilidade de empresas, mais do que vantagens competitivas, as práticas ESG têm se tornando condições de celebração de negócios e poderão condicionar a sobrevivência de empresas no mercado. Até pouquíssimo tempo atrás, a adesão aos critérios de sustentabilidade se constituía em uma agenda muito positiva, mas meramente acessória para empresas e governos. Atualmente, não basta mais a assinatura de um documento e a fixação de um compromisso no papel. Mais do que isso: a imposição de práticas ESG por articulações de mercado e até por políticas estatais torna completamente obsoleta e inadequada a chamada “maquiagem verde” (greenwashing), realizada em muitos empreendimentos da indústria brasileira de base. Igualmente, maquiar impactos sociais (impact washing) também não se sustentará à medida em que novas gerações moldarão o mundo político e corporativo. Hoje, é indispensável a demonstração do impacto que os negócios causam sob uma perspectiva de sustentabilidade. A sustentabilidade aqui não é entendida somente como práticas conforme regras de proteção ambiental e políticas para preservação do meio-ambiente. Ela inclui, por exemplo, ações que contribuem para satisfação de necessidades básicas humanas e redução de desigualdades. Tudo isso deve ser orquestrado por estruturas empresariais que privilegiem tomada de decisões transparentes, éticas e eficientes e que encampem metas de impacto social e ambiental ao lado de metas econômicas. Em síntese, ser sustentável não equivale mais somente a bem gerir riscos e obter licenças para operação. Atender a essas novas balizas demanda energia e envolve transformações e nesse sentido o ESG se constitui em um verdadeiro melting pot de práticas e políticas que devem ser encaradas como condições para a perpetuação das empresas e negócios a longo prazo. Uma série de mudanças recentes demonstram isso. Primeiro, não há dúvida de que atualmente, no final do dia, a reputação de uma empresa, a atratividade para seus stakeholders, a sua eficiência e seu desempenho econômico são determinados pelo maior ou menor nível de conexão entre três fatores indissociáveis: o inclusivo, o equitativo e o regenerativo. Aquele que nega esse tripé gradativamente se torna menos atrativo aos atuais atores do mercado. Em segundo lugar, estimulando a adesão ao ESG, já há em curso uma série de trade offs entre governos e empresas. Por exemplo, a União europeia só oferece crédito hoje para companhias áreas que se comprometam a não mais ofertar viagens domésticas de curta distância, cobertas por trens. Lá também fundos soberanos resgatam investimentos em empresas que não garantam seguro-saúde para seus colaboradores. Ainda, unidades fabris são fechadas em localidades em que não há universalidade da cobertura de esgotamento sanitário. No Brasil, alguns Estados – como Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte – já legislaram sobre estratégias estaduais de investimentos e negócios de impacto. A adoção de Contratos de Impacto Social – celebrado pelos entes federativos e suas autarquias ou fundações, com entidades públicas ou privadas, para atingir objetivos de relevante interesse social – pode se tornar realidade se aprovado o Projeto de Lei do Senado 338/2018. Em terceiro, o ESG traz vantagens inequívocas até para áreas mais tradicionais da Administração estatal. Nos contratos públicos, as licitações verdes constituem barreira de entrada para empresas sem compromisso social e ambiental e sem instrumentos efetivos de compliance. Nesse sentido, o Decreto Federal nº 10.387/2020, por exemplo, incentiva a formatação de Parcerias Público Privadas (PPPs) que proporcionem benefícios ambientais ou sociais relevantes. Finalmente, não se pode deixar de notar que as novas gerações estão dispostas a pagar consideravelmente mais por produtos e empresas comprometidas com o ESG. Não por menos, muitas empresas buscam aderir atualmente a selos ESG, mas esse movimento não pode ser desacompanhado de uma análise detida de critérios e transformações a que uma empresa se dispõe. Deve-se bem compreender as responsabilidades que assumem, pois, para muitas das certificações, não é suficiente utilizar o ESG como um artifício de vitrine. Se (re)posicionar nesse mercado demanda, assim, que dirigentes estejam vinculados e contem com os insumos necessários para tirar práticas ESG do papel. Na nossa visão, o design de novos negócios e a modelagem de infraestruturas não vão sobreviver dissociadas do ESG. Entendemos que os governos e as empresas precisam alinhar sua governança e engajar a diversidade de todas as suas equipes em torno desses fatores, de modo a produzir uma série de impactos positivos para os cidadãos e para todas as comunidades em que estão inseridos. É uma nova sigla e um novo DNA, ajustado ao novo mundo que se descortina.